blog Foto: Jessica Edel/Notas de Viagem

Cachoeira Santa Terezinha: beleza e história em Saudades (SC)


A cachoeira é um destino imperdível, com paisagem deslumbrante e uma história que poucos conhecem

 

 

Localizada a cerca de 8 quilômetros do centro de Saudades e a aproximadamente 3 quilômetros da BR-282, está a Cachoeira Santa Terezinha, situada na Linha Santa Terezinha, no interior do município.

A queda d'água, com cerca de 30 metros, encontra-se em meio à mata nativa, cercada por vegetação e um paredão de rochas. Na imagem a seguir podemos observar que também é possível acessar o topo da cachoeira e ter uma visão privilegiada da natureza no local. 

Há duas formas de acessar a cachoeira: por trilha sinalizada ou pelo riacho. Já estive duas vezes no local e, nas duas ocasiões, o acessei ambas as formas.

Antiga usina

No local, é possível observar robustos canos de ferro e uma antiga infraestrutura que pertenceram a uma usina. Em contato com a Prefeitura de Saudades, fui informada de que ali funcionava uma usina da empresa Clarice Fogões, que, na época, ainda estava iniciando sua trajetória na indústria de fabricação de fogões.

Para obter mais informações, conversei com o senhor Francisco Valdeci de Almeida, proprietário da área onde está localizada a cachoeira. Gentil e prestativo, Francisco compartilhou brevemente a história do local.

Ele conta que a usina foi fundada por Ireno Mate (em memória), fundador da Clarice Fogões. Em um período de muitas dificuldades, Ireno construiu uma usina hidrelétrica para alimentar uma linha de esmaltagem situada nas proximidades. Francisco recorda que, na época, caminhões de outras prefeituras iam até o local para ajudar na construção da barragem, utilizando um modelo tradicional de construção.

A Cachoeira Santa Terezinha está situada na divisa entre duas propriedades: a de Francisco e a de um vizinho. No entanto, o acesso à cachoeira é feito pela propriedade de Francisco, que, apesar de não saber exatamente por quanto tempo a usina esteve em funcionamento, relata que uma grande enchente entre 1982 e 1983 destruiu toda a estrutura.

"Ele deixava a água acumular à noite para operar a usina de esmaltagem durante o dia, porque não havia evasão para muita produção. Aí, vieram as enchentes de 1982 para 1983, aquela grande cheia da Lagoa Blumenau, e a água foi subindo, subindo. Eu me lembro bem de um dia, quando o Gabriel Schaff, que foi prefeito de Pinhalzinho e era um russo siberiano, disse: 'Ireno, você tem que fazer alguma coisa, tem que perfurar, fazer um concreto, porque um dia essa enchente vai levar tudo embora. Não tem como manter um açude em cima de pedra bruta'. Mas, naquela época, Ireno tinha poucos recursos, a empresa dele não era o que é hoje, e a enchente levou tudo embora, inclusive a casinha, sobrando apenas o alicerce", conta Francisco.

O acesso à cachoeira é gratuito, e os visitantes podem desfrutar de bons momentos em meio à natureza, em um belo local, onde a paz reina e o respeito pelo espaço deve prevalecer. 

"Eu não cobro nada para ninguém entrar lá. Quando converso com as pessoas, sempre digo que não precisam pagar, mas tenho duas condições para quem entra ali: a primeira é sair melhor do que entrou, e a segunda é não deixar lixo."

Ao produzir esta matéria, comecei a refletir mais sobre a história dos lugares por onde passo. Muitas vezes, acreditamos que para conhecer histórias é necessário visitar um museu. No entanto, há pedaços da história "a céu aberto", onde, quem tem curiosidade e presta atenção aos detalhes, ao visitar o local, se pergunta: o que aconteceu aqui? Qual é a história dessa antiga infraestrutura?

Assim como sanei minha curiosidade, espero ter esclarecido a dos meus leitores também. Se gostou do conteúdo, siga o Blog Notas de Viagem no Instagram: @Notas_de_viagem (clique aqui).

Esse projeto, criado em 2019, é jornalístico e sem fins comerciais, com o único objetivo de informar e compartilhar as belezas da nossa região. 

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Jessica Edel

Com início no meio jornalístico antes mesmo de iniciar a graduação, já passei por veículos de rádio, televisão, web, inclusive com breve colaboração ao Uol.
Após ter a oportunidade de trabalhar em diferentes meios, decidi me dedicar ao que mais me cativa: o jornalismo de Turismo.
Aqui no Notas de Viagem exponho minhas experiências em diferentes destinos pelo Sul do país.