blog Foto: Jessica Edel/Notas de Viagem

Uma experiência (des) agradável na Trilha do Pitoco, em Chapecó (SC)


Artigo de hoje aborda situações que, por vezes, são mascaradas pelas "imagens perfeitas" nas redes sociais

 

 

Imagino que o artigo desta semana vai pegar meus leitores recorrentes de surpresa.

Por aqui, costumo expor as minhas experiências com os atrativos turísticos da região Oeste de Santa Catarina. Em sua maioria, costumam ser positivas, com uma observação ou outra sobre pontos que devem ser melhorados e analisados com maior atenção.

Hoje, venho compartilhar a minha experiência em um dos principais atrativos turísticos da região de Chapecó: a Trilha do Pitoco.

O lugar é lindo — isso ninguém pode negar — principalmente com suas cinco cachoeiras que, com diferentes tamanhos, se tornaram cenários de belas fotos capturadas por seus visitantes.

Por conta disso, criei altas expectativas ao visitar o local. Porém, a experiência não foi exatamente o que eu imaginei. O espaço, que funciona desde a década de 90, parece ter parado no tempo no que se refere à segurança.

Dia do passeio

Era dia de semana, o tempo estava bom, com céu azul e alguns indícios — eles do calor abafado — de que teríamos chuva em algum momento do dia.

Pagamos o ingresso de 30 reais por pessoa para acessar o local. Com um discurso decorado e um sorriso claramente forçado, nos foi informado que a trilha leva em torno de 3 horas, passando pelas 5 cachoeiras.

Nosso guia? Um simpático cachorrinho com o nome de Pitoco, que nos guiou animadamente pelo caminho.

Após alguns metros, chegamos à primeira cachoeira (primeira imagem deste artigo). O caminho foi fácil, sem maiores dificuldades. Depois disso, começou a ficar mais difícil.

Uma ponte "rústica" passa pelo rio sem apoio adequado nas laterais. Isso já chamou minha atenção, embora não de forma alarmante.

Mais adiante, encontrei situações semelhantes: pontes sobre o rio, em alguns pontos com madeira apodrecendo e corrimão ou apoio nas laterais inexistente.

Após a terceira cachoeira, a situação fica ainda pior: é preciso subir por um trecho extremamente íngreme, onde a espia estava a "um fio" de arrebentar.  

Tem locais onde, o mais adequado seria ter quatro patas para subir com um pouco de facilidade. A imagem abaixo fica como prova. 

Quem me conhece sabe que não costumo sentir medo facilmente, mas nesse dia eu estava incomodada com a situação em que me encontrava.

Normalmente, quando se paga um valor para visitar esse tipo de local, espera-se ao menos uma infraestrutura básica.

Por existir há tantos anos, realmente pensei que o lugar oferecesse uma estrutura adequada. E aqui não me refiro a espaços com churrasqueira, mas sim ao básico: segurança.

Infelizmente, nos últimos anos, foram registrados diferentes acidentes no local. Para entender melhor a situação, entrei em contato com o Corpo de Bombeiros de Chapecó para entender se o órgão realiza algum tipo de fiscalização no espaço. Ao conversar com o Capitão André Nunes, recebi a informação de que, o Corpo de Bombeiros não tem competência legal para realizar fiscalização no local e aplicar exigências. 

Também conversei com a assessoria da Prefeitura de Chapecó. De acordo com o assessor, Darci Debona, a Trilha do Pitoco não está dentro do projeto Desbrave Chapecó, justamente por essas situações envolvendo acidentes, então ela não é integrada ao projeto, que conta com quatro rotas de turismo. 

Hoje, como jornalista, publico este artigo mais como uma coluna crítica. Meu objetivo não é prejudicar ninguém — pelo contrário, é chamar atenção para um problema que pode ser resolvido, evitando situações ainda mais graves relacionadas à segurança dos turistas.

Acho importante a conscientização para que paremos de romantizar certas situações e locais. Ao observar os comentários no Google, não pude deixar de notar como há avaliações que mascaram a real situação.

É lindo? Com toda a certeza, é. Mas devemos enxergar além disso e lembrar que famílias inteiras frequentam o local, e que as trilhas variam de nível moderado a difícil em alguns trechos.

É importantíssimo compartilharmos a situação real de um espaço. Falo isso de forma geral, referindo-me aos atrativos turísticos como um todo.

Galeria de Imagens

*** É expressamente proibida a reprodução de qualquer fotografia e texto aqui publicados sem a atribuição dos devidos créditos à autora. Dúvidas e sugestões podem ser enviadas ao e-mail jessicagedel@gmail.com

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Jessica Edel

Com início no meio jornalístico antes mesmo de iniciar a graduação, já passei por veículos de rádio, televisão, web, inclusive com breve colaboração ao Uol.
Após ter a oportunidade de trabalhar em diferentes meios, decidi me dedicar ao que mais me cativa: o jornalismo de Turismo.
Aqui no Notas de Viagem exponho minhas experiências em diferentes destinos pelo Sul do país.