blog Foto: Jessica Edel

Cidade gaúcha mantém cultura e valores de seus antepassados alemães


Forquetinha (RS) preserva as tradições da cultura germânica

Quem acompanha o blog sabe que eu gosto de visitar lugares com características da cultura alemã, seja na gastronomia, festividades ou arquitetura. Então, geralmente através de pesquisas ou indicações eu defino qual será o próximo destino apresentado aqui no blog. O destino selecionado deste mês é Forquetinha. A cidade de nome curioso, está localizada no estado do Rio Grande do Sul, a cerca de 330km de Chapecó (cidade onde resido).

Você deve estar se perguntando, mas porquê escolher essa cidade? Não há outras mais próximas? Eu respondo: sim, há! Mas como fomos ao Parque Witeck (leia a matéria clicando aqui) e eu já planejava ir até Forquetinha há alguns meses, decidi unir o útil ao agradável. 

Forquetinha é uma cidade aparentemente tranquila com características de cidade do interior. Com predominância da cultura alemã, o município tem cerca de 2.389 habitantes (IBGE 2021), foi emancipado de Lajeado, sendo oficialmente instalado no dia 1° de janeiro de 2001.

A região foi colonizada por imigrantes alemães com início nas  décadas de 1880 e 1890. Atualmente, 98% dos moradores são descendentes de imigrantes alemães, a maioria proveniente da região do Hunsrück - no sudoeste do país germânico- , mas também há descendentes de imigrantes que vieram de outras regiões da Alemanha e, algumas famílias de holandeses, que se adaptaram ao dialeto Hunsrück, falado até hoje pela população forquetinhense. 

Ao chegar na região, os colonizadores tiveram um importante papel no crescimento industrial local, pois, além da agricultura diversificada, desenvolveram pequenas indústrias. Surgiram moinhos, olarias, marcenarias, carpintarias, ferrarias, laticínios, funilarias, alfaiatarias, cervejarias e outras destilarias, açougues, selarias, dentre outras atividades.

Hoje, o seu povo ainda mantém preservados hábitos e costumes de seus antepassados, ao andar por Forquetinha não podemos deixar de notar uma considerável quantidade de construções antigas marcadas pela técnica enxaimel, “Fachwerk”, características das construções germânicas. Essa técnica construída de madeira, tijolos, barro e cimento suporta grandes ventos e tempestades. A intenção dos imigrantes era que as casas durassem e que não sofressem danos com as ações do vento. Os telhados altos   não permitem o acúmulo de neve ou gelo, dessa forma evita o esfriamento da casa. 

Além da técnica construtiva, a comunidade também cultiva as manifestações culturais, como o canto, jogos e danças. Não posso deixar de citar que na Escola Municipal de Ensino Fundamental, João Batista de Mello, os alunos aprendem a escrever e a falar o idioma alemão. Agora que você pôde conhecer um pouco da história de Forquetinha, vamos dar um passeio pelos atrativos locais. 

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Essa foi a primeira construção que me chamou a atenção ao chegar na cidade, a Igreja Evangélica Luterana no Brasil (IELB), está localizada na comunidade Concórdia e foi construída em Forquetinha no ano de 1933. Ao lado da construção há um cemitério que hoje é ocupado pelos membros da igreja e também há uma outra parte, que se trata do antigo cemitério evangélico histórico do município, onde muitos imigrantes estão sepultados.  Ali foram enterrados membros de várias famílias pioneiras e com importante papel na construção da história de Forquetinha.

Monumento ao Imigrante Alemão

Na área central do município, está localizada a Praça Municipal Júlio Redecker. Ao chegar no local, é possível ver uma estátua com a imagem de uma família, um homem e ao seu lado, a figura de uma mulher segurando uma criança em seus braços. O Monumento ao Imigrante Alemão, como é conhecido, foi construído em 2004 para homenagear os 180 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul (1824) e também, uma homenagem aos imigrantes alemães que colonizaram o município de Forquetinha entre 1880 e 1890.

O nome da praça onde o monumento dos imigrantes está localizado é uma homenagem ao Deputado gaúcho Júlio Redecker, falecido em acidente de avião. A homenagem, de acordo com o historiador local, foi feita porque, “Júlio era muito amigo dos forquetinhenses e contribuiu bastante com o desenvolvimento do município”.

Prefeitura

Localizado acima da praça municipal, o prédio de coloração marrom e estilo rústico é destaque em um dos pontos mais altos no centro da cidade. A atual sede da prefeitura municipal de Forquetinha foi construída em 2004. De acordo com informações coletadas com o historiador local, a técnica utilizada na construção da atual sede é o enxaimel.

Uma construção tão imponente não poderia ficar de fora desta matéria.

Igreja Evangélica

Uma igreja de coloração verde e branca e com uma arquitetura que remete às construções góticas, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil de Forquetinha (IELCB) começou a ser construída em 1931, foi inaugurada em 08 de janeiro de 1933. 

Quando estive em Forquetinha (em junho), a igreja estava passando por uma uma grande restauração do seu telhado, que era de madeira e foi trocado por ferro, devido a danos causados por cupins. 

O templo, salão, cemitério e câmara mortuária pertence à comunidade evangélica de Forquetinha, que possui cerca de 300 famílias associadas. A união dessas famílias garante a preservação da cultura e de uma construção histórica que marcou inúmeras gerações desde a sua fundação.

Parque de Exposições “Ausstellungs Park Christoph Bauer”

O Parque de Exposições Christoph Bauer está localizado em Bauereck/Forquetinha, e se destaca pela preservação da cultura alemã através de diferentes manifestações culturais, como a arquitetura, gastronomia, lendas e histórias antigas, danças, canto entre outros, servindo de cenário a eventos e atividades que podem ser realizadas no parque.

O local conta com a presença de diferentes construções históricas entre o Café Colonial “Grossmutter’s Kaffeehaus”; o Restaurante “Grossvater’s Restaurant” (antiga Casa Comercial “Schnack”); o Moinho “Mühle”, que produzirá farinha; a Casa do Artesanato “Artesanathaus die Marie und die Greet”, uma união dos Clubes de Mães; o Paiol “Miljehütte”, para feiras do produtor rural e agroindustrial, a cargo dos agricultores; a Casa de Moradia “Wohnhaus; o Salão da 3ª Idade “Seniorensaal”, para eventos da 3ª Idade e outros, Pavilhão para Exposições Industriais e Comerciais; Pavilhão para Exposições de Animais; 2 prensas de cana-de-açúcar “Zuckerohrpresse”, uma movida por tração animal, com possibilidade de fazer demonstrações no Parque; o Labirinto de Ciprestes “Irrgarten”; o Parque de Estacionamento. 

Ao passear pelo parque, os visitantes vão se deparar com cinco Monumentos que retratam um pouco da cultura e lendas locais: 1) Monumentos Denkmal der “Grossmutter”; 2) Monumento Denkmal “Fritz und Frida”; 3) Monumento Denkmal der “Musterreitter” 4) Monumento Denkmal die “Marie und die Greet”; 5) Monumento – Denkmal der “Schlachter”. 

Em breve trarei uma matéria apenas para explicar cada um desses monumentos que fazem parte da cultura do povo Forquetinhense. 

O que levo desta viagem

Embora tenha sido uma viagem breve, eu saí de Forquetinha com a sensação maravilhosa de ter conhecido um novo local, a sensação de que não perdi a viagem, e viajar mais de 300 km até ali valeram a pena. 

Essa sou eu: uma pessoa que adora conhecer o novo, ir aonde outros não foram, que adora ter a sensação de trazer algo inédito para você, caro leitor (a). 

Apesar de sua história recente, Forquetinha é linda, tem construções e mantém a cultura que outras cidades maiores não costumam manter. Esse é o diferencial, é as suas paisagens, o amor pela sua história. 

Assim é Forquetinha pelos olhos dessa concordiense/chapecoense que ama viajar e descobrir lugares incríveis pelo interior do Sul do país. Espero que tenham gostado do conteúdo, em breve tem mais! 

Antes de me despedir, convido você a assinar a newsletter e seguir as redes sociais do Notas de Viagem para não perder nenhuma novidade. Nos encontramos na próxima aventura, até breve!

Galeria de Imagens

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Jessica Edel

Com início no meio jornalístico antes mesmo de iniciar a graduação, já passei por veículos de rádio, televisão, web, inclusive com breve colaboração ao Uol.
Após ter a oportunidade de trabalhar em diferentes meios, decidi me dedicar ao que mais me cativa: o jornalismo de Turismo.
Aqui no Notas de Viagem exponho minhas experiências em diferentes destinos pelo Sul do país.